Checklist para Intervenção Fonoaudiológica na Apraxia de Fala na Infância

Crianças com diagnóstico de Apraxia de Fala na Infância precisam de intervenção fonoaudiológica específica para progredirem nas suas habilidades de controle motor de fala.
A seguir apresento um Checklist para a Intervenção, contendo os principais componentes para uma terapia eficaz. Se você é Fonoaudiólogo e atende crianças com Apraxia de Fala, verifique se nas suas intervenções, todos esses aspectos estão sendo contemplados.
I. Crianças se cansam facilmente e aprender uma nova habilidade, como falar, demanda muito esforço e muita motivação. Suas terapias são agradáveis? São motivadoras? São divertidas?
II. A criança sabe o que, você Fonoaudióloga, pode fazer por ela? Você já explicou isso para ela?
III. Você elaborou um Plano de Intervenção Específico para seu paciente? Você identificou os objetivos a curto, médio e a longo-prazo?
IV. As estratégias para conseguir alcançar esses objetivos estão claras?
V. Os pais estão cientes do plano elaborado? Você explicou para os pais como será feita a intervenção?
VI. Pensando na dificuldade práxica de fala, é importante estabelecer quais serão “os alvos” para ajudar a criança a desenvolver o controle motor da fala. Você selecionou adequadamente os alvos para o treino?
VII. Para crianças que são praticamente não-verbais, você sabe por onde começar?
VIII. Durante a intervenção você utiliza pistas auditivas? (tais como: lentificação de fala, imitação simultânea, imitação atrasada, ênfase no alvo, complementação de palavras ou frases, melodia de fala, etc)
IX. Durante a intervenção você utiliza pistas visuais? (tais como: pedir para o paciente olhar para sua boca, figuras ilustrando os movimentos da boca, uso de gestos para lembrar quais movimentos ele deve fazer? movimentos corporais? vídeos?, espelho?, mímica, etc)
X. E pistas táteis, cinéstésicas e proprioceptivas? se seu paciente não consegue fazer o movimento, você o ajuda?; você ajuda seu paciente a perceber a quantidade de força, a velocidade, como os articuladores se movem para produzir os sons?
XI.Você utiliza pistas metacognitivas ou verbais, ou seja, você explica como deve ser o movimento (ex. coloque a língua para trás para produzir “ca” ou “você precisa fazer um biquinho” quando produz o “bo”).
XII.Você identificou para quais pistas seu paciente responde melhor?
XIII.Você sabe quando retirar as pistas?
XIV.Você utiliza feedback? Ou seja, seu paciente reconhece o que ele fez adequadamente ou o que ele deixou de fazer e como deveria ter feito? Você é específica? Ou apenas diz que não está certo? Seus feedbacks são frequentes e imediatos?
XV.Você está garantindo a quantidade de repetições dos alvos? Lembre-se que sem repetições, o paciente não cria memória motora, ok? Você tem um controle durante a sessão de quantas vezes conseguiu repetir?
XVI.Os pais e cuidadores estão sendo orientados de forma específica sobre quais treinos deverão fazer em casa? Está claro para eles o que ajuda e o que atrapalha no processo terapêutico? Você está atenta ao acolhimento dos pais? (eles também precisam da nossa ajuda!)
XVII. Seu planejamento também está contemplando outras necessidades da criança, como por exemplo, habilidades de linguagem oral, desenvolvimento simbólico, imitação, comunicação social/funcional, tempo de espera, organização, atenção, poder da comunicação? Consciência Fonológica? Alfabetização? Integração sensorial? Etc...
XVIII. Você já analisou se seu paciente também precisa de algum recurso de comunicação alternativa ou suplementar? Se você não tem experiência nessa área, você recomenda um outro Colega?
XIX.A Escola, a Professora estão cientes do diagnóstico (apraxia não afeta apenas a fala, ok?) e sabem como cooperar com o desenvolvimento dele no ambiente escolar?
XX.Você sistematicamente revê suas metas para verificar se há necessidade de ajustes ou de outros direcionamentos?
XXI.Seu paciente está sem evolução há quanto tempo? Você consegue identificar o que está faltando?
XXII. Para crianças que são atendidas por outros Profissionais, eles sabem do seu trabalho?
XXIII. Você está aberta para novos conhecimentos, novas abordagens de tratamento, novos paradigmas?
XIX. Você consegue identificar quais são suas falhas, onde precisar melhorar? Ou a culpa é sempre dos pais que não ajudam? Ou dos pacientes que são graves ou que não colaboram?
XXX. Você está cuidando de você? Profissional estressado, rende menos, desiste mais, acredita menos!
Queridas Colegas Fonoaudiólogas, obrigada por lerem este Post. Tratar uma criança com Apraxia não é uma tarefa fácil, mas é possível. Temos muito a caminhar ainda aqui no nosso Brasil, mas com a genuína contribuição de cada Profissional, certamente continuaremos mostrando o quanto nossa Profissão é maravilhosa e o quanto podemos fazer a diferença na vida dos nossos pequenos e suas famílias. Trabalhamos com o que o ser humano tem de único, de mais nobre: a capacidade de COMUNICAÇÃO! Dra. Elisabete Giusti. Direitos Reservados.